domingo, 10 de janeiro de 2010

POESIAS


Eu sei! Eu sei! Se sair daqui, o rio me engolirá...
É o meu destino: hoje devo morrer!
Mas não, a força de vontade pode superar tudo
Há obstáculos, eu reconheço
Não quero sair.
Se tenho que morrer, será nesta caverna.
As balas, o que podem as balas fazer comigo
se meu destino é morrer afogado?
Mas vou vencer o destino.
O destino pode ser conseguido pela força de vontade.
Morrer, sim, mas crivado de balas, destroçado pelas baionetas, se não, não. Afogado não... Uma recordação mais duradoura do que meu nome
É lutar, morrer lutando. (Ernesto Guevara – 17 de janeiro de 1947)

7 comentários:

  1. Pobre velha Maria...
    não reze para o deus inclemente que frustrou suas esperanças,
    sua vida inteira, não peça clemência desde a sua morte,
    sua vida foi horrivelmente coberta de fome
    e termina coberta pela asma.
    Mas eu lhe quero anunciar,
    numa voz baixa viril de esperanças,
    a mais vermelha e viril das vinganças.
    Quero jurá-la na exata dimensão de meus ideais.
    Pegue esta mão de homem que parece a de um menino
    entre as suas, polidas pelo sabão amarelo,
    esfregue os calos duros e os nós puros
    na suave vingança de minhas mãos de médico.
    Descanse em paz, Maria, descanse em paz, velha lutadora,
    seus netos viverão todos para ver a alvorada.

    (Ernesto Guevara - Homenagem à sua paciente, ainda na época de médico, que morre vítima da asfixia da asma e do descaso social)

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  2. Contra o Vento e as Marés
    Este poema (contra o vento e as marés) levará minha assinatura.
    Deixo-lhes seis sílabas sonoras,
    um olhar que sempre traz (como um passarinho ferido) ternura,
    Um anseio de profundas águas mornas,
    um gabinete escuro em que a única luz são esses versos meus,
    um dedal muito usado para suas noites de enfado,
    um retrato de nossos filhos.
    A mais linda bala desta pistola que sempre me acompanha,
    a memória indelével (sempre latente e profunda) das crianças
    que, um dia, você e eu concebemos,
    e o pedaço de vida que resta em mim.
    Isso eu dou (convicto e feliz) à revolução
    Nada que nos pode unir terá força maior.
    (Ernesto "Che" Guevara - Poema dedicado à Aleida, sua esposa)

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  3. Canto a Fidel

    Vamos, ardoso profeta da alvorada,
    por caminhos longínquos e desconhecidos,
    liberar o grande caimão verde* que você tanto ama...
    Quando soar o primeiro tiro
    e na virginal surpresa toda selva despertar,
    lá, ao seu lado, seremos combatentes
    você nos terá.
    Quando sua voz proclamar para os quatro ventos
    reforma agrária, justiça, pão e liberdade,
    lá, ao seu lado, com sotaque idêntico,
    você nos terá.
    E quando o final da batalha
    para a operação de limpeza contra o tirano chegar,
    lá, ao seu lado, prontos para a última batalha,
    você nos terá...
    E se o nosso caminho for bloqueado pelo ferro,
    pedimos uma mortalha de lágrimas cubanas
    para cobrir nossos ossos guerrilheiros
    no trânsito para a história da América.
    Nada mais.
    * Caimão verde era o nome alegórico atribuído à ilha de Cuba. (Ernesto "Che" Guevara - escrito antes de embarcarem no Granma rumo à Cuba

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  4. A ALEIDA
    Mi única em El mundo

    No obstante, em El laberinto más hondo Del caracol taciturno se unen y repelen los pólos de mi espíritu: tu y TODOS.

    Los todos me exigen la entrega total, que me sol sombra oscurezca el camino, mas sin burlar lãs normas del amor sublimado le gurado escondida en mi alforja de viaje.(Te levo en mi alforja de viajero insaciable como AL pan nuestro de todos los dias).

    Salgo a edificar las primaveras de sangre y argamasa y dejo, em el hueco de mi ausência, este beso sin domicilio conocido. Pero non me anunciaron La Plaza reservada em El desfile triunfal d ela Victoria e El Sendero que conduce a mi camino está nimblado de sobras agoreras.

    Si me destinan al oscuro sitial de los cimientos, guárdalo en el archivo nebuloso Del recuerdo; úsalo em noches de lágrimas y sueños...

    Adiós, mi única, no tiembles ante el hambre de los lobos ni en el frio estepario de la ausência; Del lado del corazón te llevo y juntos seguiremos hasta que La ruta se esfume.

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  5. ANGÚSTIA

    Caio de joelhos tentando encontrar uma solução, uma verdade, um motivo. Pensar que nasci para amar, que não nasci para ficar sentado permanente em frente a uma escrivaninha, me perguntando se o homem é bom, porque sei que ele é bom, pois fiquei ombro a ombro com ele nos campos, nas fábricas, nos engenhos, nas cidades.

    Pensar que ele é fisicamente sadio, que possui espírito de cooperação, que é jovem e vigoroso como um bode, mas que se vê excluído do panomara, isso é a angústia.

    Fazer um sacrifício estéril que nada produz, para erguer uma vida nova: isso é angustia.

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  6. Porém, desta vez o mar é minha salvação à medida que as horas e os dias passam; ela angustia, me morde, invadiu minha garganta, meu peito, contrai meu estomago aperta-me as entranhas. Já não me agradam as auroras, não me interessa saber de qual quadrante sopra o vento, não calcula a altura das ondas; cedem os nervos, nubla-se a vista, amarga-se o caráter.

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  7. Che a Hilda sua primeira esposa:

    Entregue-se como fazem os passarinhos,
    e eu te tomarei como fazem os ursos,
    e, talvez, te beijarei lentamente,
    para que possa me sentir homem, eu que sou pombo

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